Rachadura Gigante na África: Cientistas Revelam Que Um Novo Oceano Pode Estar Nascendo Lenta Mas Inevitavelmente

O Coração Geológico da África Pulsa e Abre Fissuras

A família de oceanos da Terra pode ganhar um novo membro em um futuro distante. Cientistas internacionais revelaram que o calor emanado do interior do nosso planeta está, de forma gradual, deformando as placas tectônicas no nordeste da África, mais especificamente na região de Afar, na Etiópia. Essa intensa atividade geológica está provocando o surgimento de uma enorme rachadura que, ao longo de milhões de anos, tem o potencial de formar um novo oceano.

O estudo, publicado na renomada revista científica Nature Geoscience, detalha um processo fascinante: o fluxo de material quente do manto terrestre não é constante, mas ocorre em ciclos que foram comparados a “batimentos de um coração geológico”, um movimento lento e contínuo que estica o solo.

Afar: Epicentro de uma Transformação Continental

A região de Afar, conhecida por seu terreno árido e vulcânico, é o palco principal dessa transformação. O local já é um ponto de convergência de três grandes sistemas de rifte: o Rifte da África Oriental, o Rifte do Mar Vermelho e o Rifte do Golfo de Áden. Nessas zonas, as placas tectônicas se afastam, impulsionadas pelo calor interno da Terra, criando fissuras extensas, algumas tão grandes que são visíveis do espaço.

Embora a ciência já soubesse que o manto pressionava a crosta terrestre na região, o novo estudo trouxe detalhes cruciais sobre a dinâmica desse afastamento. A força motriz é o calor que ascende do interior do planeta, criando um “coral de magma” que empurra lentamente a crosta e abre o solo. Esse processo contínuo de abertura é o que pode, eventualmente, levar à formação de um novo oceano.

Um Processo Lento e Natural, Como a Respiração da Terra

O calor que impulsiona a abertura do solo em Afar não se move de maneira uniforme. Ele se concentra em canais e pulsa em diferentes intensidades, o que contribui para a forma como o terreno se separa, com taxas de afastamento variando entre as três grandes fendas da região. Esses movimentos lentos foram comparados a uma “respiração” da Terra, onde o calor sobe, o solo se abre e, com o passar de incontáveis anos, o continente se fragmenta.

“Em regiões onde as placas se afastam mais rápido, como o Mar Vermelho, essas pulsações viajam de forma mais eficiente e regular, como o sangue passando por uma artéria estreita”, explicou Tom Gernon, coautor do estudo. A região de Afar abriga vulcões ativos, como o Erta Ale, com seu lago de lava permanente, e registra tremores frequentes, evidências das forças internas que remodelam a superfície terrestre.

Olhando para o Futuro e o Passado dos Oceanos

Apesar de a ideia de um novo oceano surgir poder soar alarmante, os cientistas enfatizam que o processo é inteiramente natural e extremamente lento. Não há um prazo definido para que a separação continental se complete, mas as estimativas apontam para dezenas de milhões de anos. O estudo desses movimentos atuais ajuda a compreender como outros oceanos, como o Atlântico, surgiram há centenas de milhões de anos, a partir da fragmentação do supercontinente Pangeia.

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